O cenário com o qual me deparei no velório do querido amigo Itamar Franco causou-me desconforto. A quantidade de pessoas sem noção, a cara de pau de muitos políticos aliados à falta de limites de “pseudosocialites” e anônimos desocupados, constrangeram-me. Como sempre estive por perto, respeitando o estilo Itamar de ser, sabia bem o que o senador achava dos muitos que por lá passaram. Alguns demostraram para que vieram, chegando às raias da insensatez.
Itamar sempre foi uma pessoa livre, sem querer ser midiático, buscando câmeras e microfones. Diferença total dos que passaram ali desempenhando papéis ruins. Itamar até no último instante foi íntegro: abriu mão do dinheiro de Brasília e honras de chefe de Estado, preferindo ser velado em Juiz de Fora, cidade que tanto amou. Não foi reverenciado à altura, já que, aproximadamente 30 mil pessoas, segundo dados da Polícia Militar, estiveram presentes para uma cidade com cerca de 540 mil habitantes. Número irrelevante diante do maior homem político e humano que este município já conheceu.
Ações inqualificáveis aconteceram com o meio social e jornalístico, servindo de anfitriões para tirar proveito próprio. Para quem conheceu Itamar, ele detestava os “aloprados pelo poder” e os pobres de espírito. Não estamos generalizando, mas foi discrepante a vinda de Collor de Mello, Michel Temer e até o próprio Luiz Inácio Lula da Silva que tanto irritou Itamar nas últimas eleições. Mas inconvenientes mesmo foram alguns vereadores da cidade de “abre alas” se esquecendo que ali estava sendo velado em primeiro lugar um ser humano. Houve desrespeito de ter que sair com Ruth Hargreaves para não acontecer um “chega pra lá”. Ou seja, perdeu-se o bom senso e o sentido da hipocrisia como se, ali, Itamar não falasse mais nada. Mas o seu espírito está vivo na forma de pensar de seus amigos do peito, dos quais me incluo.
Saia justa em vários momentos: a turma “sem noção” se passando por amigos íntimos da família, muitos pseudos com máquinas fotográficas registrando momentos com personalidades, outros de bate papo e de costas para o caixão, fora a distribuição de “santinhos” e pedidos de fotos com as filhas de Itamar. Sem comentários! Aguentar os descalabros de alguns é dose cavalar. Respeito, educação e bom senso são necessários.